Por Marcos Florão
Praticamente todas as áreas da atividade humana têm sido alcançadas e impactadas, em maior ou menor grau, pelo avanço tecnológico. Esta nova realidade vem transformando o trabalho, as interações sociais, os sistemas produtivos, as relações de consumo e também a maneira como administramos os negócios e as instituições.
O número crescente de empresas de tecnologia – principalmente as startups – que operam em diversos segmentos é um indicativo claro deste novo cenário. Exemplos não faltam. Na atividade rural, as chamadas agritechs proliferam, ajudando a elevar os níveis de produtividade do agronegócio. Na saúde, healthtechs auxiliam profissionais da medicina a realizar diagnósticos mais precisos, planejar tratamentos mais eficazes e salvar mais vidas. Govtechs criam soluções que permitem aos gestores inovar na administração pública.
O avanço tecnológico é inexorável. Não há como escapar à sua magnitude e impacto transformador. É um fenômeno que vem ocorrendo em todas as áreas, e o Direito não é exceção.
As chamadas legaltechs são empresas e startups que desenvolvem tecnologia e soluções inovadoras para o ecossistema da Justiça. No Brasil, a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), entidade que congrega estas empresas, já conta com mais de 200 legaltechs associadas.
Facilitar a realização de acordos, simplificar o acesso a dados de processos, acelerar a localização de informações e aumentar a produtividade de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos são alguns dos benefícios que essas legaltechs estão trazendo.
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Para os advogados, o tempo para a realização das tarefas torna-se otimizado. Os departamentos jurídicos ganham em produtividade com softwares de acompanhamento e gestão. Dados e fatos embasam melhores decisões e a construção de estratégias mais assertivas. Conflitos podem ser resolvidos de forma mais rápida.
Todas estas tecnologias servem para modernizar e potencializar a advocacia, não para substituí-la. São soluções que automatizam tarefas, em boa parte burocráticas, morosas e repetitivas, proporcionando maior eficiência aos advogados e permitindo que estes se dediquem à estratégia, atenção aos clientes, planejamento e gestão e também, cada vez mais, à inovação.
A grande questão é que para isso é preciso que o trabalho seja conjunto — profissionais do direito apoiados e potencializados pelas novas tecnologias. Saliente-se, contudo, que o exercício do direito deve sempre preservar e valorizar o ser humano como elemento central, pois não se pode postular uma frívola mecanização das relações sob o pretexto de inovar.
O fato é que há grandes oportunidades surgindo para os advogados, mas para isso, como ensina Alvin Toffler, o profissional do século 21 precisa estar constantemente aprendendo, desaprendendo e reaprendendo. Num país como o Brasil, em que tramitam mais de 80 milhões de processos, a tecnologia tem muito a contribuir. E a sociedade, que tanto pode se beneficiar de uma justiça mais célere, só tem a ganhar com este sopro de inovação e tecnologia que está cada vez mais presente neste novo cenário do Direito.
*Marcos Florão é diretor de Inovação e Novos Negócios da unidade de Justiça da Softplan
Fonte: NSC Total